Você acredita em anjos da guarda, intuição ou acaso? Não importa se existem ou se são apenas nomes para algo existente e inexplicável. Mas graças a algo que no momento pareceria sem sentido Ana conseguiu salvar sua vida e de sua filha.
Essa história aconteceu há algum tempo numa pequena cidade do interior de São Paulo, Brasil. Naquela época as grandes cidades não eram tão grandes, a maioria da população ainda vivia sua vida calma em pequenas cidades cercadas de estradas e pastos.
Ana era casada com Mauro, um rapaz alto de cabelos lisos e olhos claros, considerado por todos de uma boa índole, “um rapaz esforçado e trabalhador” segundo a mãe de Ana. Os dois se conheceram ainda aos dezesseis anos e namoraram por cinco até se casarem. Um ano após o casamento nasceu Vitória, primeira filha do casal. Haviam muitas famílias parecidas com as deles antigamente, a vida calma da cidade pequena parecia deixar as pessoas mais felizes, mais calmas.
No entanto havia um mistério guardado por Mauro. Toda sexta feira á noite – exatamente ás vinte e duas horas – ele dizia a sua esposa que precisava sair e nunca falava para onde. Sempre pedia para ele não sair em hipótese alguma dentro de casa. Ana adentrava a madrugada esperando pelo seu querido esposo e sempre era vencida pelo sono e quando acordava lá estava Mauro dormindo ao seu lado.
Envergonhada com os pensamentos que lhe tomavam a mente nunca perguntava a Mauro aonde ele tanto ia nestas sextas-feiras. Tinha medo da reação dele ao saber que ela suspeitava de adultério. Ana então resolveu falar com sua mãe sobre isso.
– Eu desconfio que ele esteja me traindo mãe, o que faço?
A mãe de Ana era uma velha senhora de sessenta anos, as marcas do trabalho duro que sempre fizera desde os onze estavam por todo seu corpo, as únicas características que aquele corpo possuía para lembrar os tempos de juventude e beleza eram os cabelos loiros e os olhos azuis. Ela estava batendo a roupa encharcada de água e sabão ao tanque de pedra quando sua filha veio falar com ela.
– E o que você quer que eu lhe diga minha filha? Ele é um homem, trabalhador e de boa aparência. As mulheres o perseguem, aceite isso. Você não é uma exceção nessa vida. – disse ela sem parar com seu serviço.
– Isso é atitude de alguém que diz me amar, devo apenas aceitar?
– Coloque na mente que não é questão de amor, apenas uma necessidade estupida dos homens. Quer manter seu casamento? Apenas aceite. Somos mulheres sabemos superar.
Desolada por não ser a resposta que esperava de sua mãe Ana chegou em sua casa e não pôde segurar as lágrimas que teimaram em jorrar pelos seus olhos.
E assim passaram-se seis meses. Aconteceria uma grande festa na cidade, uma festa como nunca havia tido antes para comemorar os cem anos de emancipação. E fatalmente a festa ocorreu numa sexta-feira.
Colocando a filha do casal amarrada ao corpo através de um wrap sling Ana se divertiu. Dançou a noite toda ao som de músicas locais e comeu tudo o que queria nas barracas espalhadas pelo local da festa. Mauro ficou quieto a noite toda ao lado de sua esposa.
– Querida, já são dez e meia da noite, combinamos de ir embora ás dez se esqueceu? – disse Mauro aflito á Ana.
– Vê se me deixa Mauro! – respondeu ela irritada e voltando a dançar.
A hora foi passando até chegar às vinte e três horas e trinta minutos. Mauro numa atitude violenta puxou-a pelo braço e gritou para irem embora. Sem forças para poder se sobrepujar ao marido e pela vergonha de ver todos os olhando ela se deixou ser levada. No caminho para casa – passando por um pasto – Ana conseguiu tirar seu braço da mão de Mauro.
– Nem mesmo num dia de festa quer deixar de ver sua amante? – começou a gritar ela – Deixe-me se divertir, não faço isso há anos, vá com a vagabunda que se encontra toda sexta eu não ligo!
A filha do casal acordou e começou a chorar, mas isso parecia não distrair a conversa entre os dois.
– Que amante? Você acha que vou até a casa de outra mulher toda sexta? Ana eu te amo não te trairia! Mas vamos deixar isso para depois, temos que chegar em casa antes da meia noite!
Ana relutou, não queria ir embora, queria voltar para festa. Mauro pareceu querer falar algo pra ela, mas de repente ele deu um grito de dor e saiu correndo. Sem entender o que aconteceu Ana apenas olhou o marido se distanciar.
– O que aconteceu agora? – se perguntou ali de pé – fazendo a filha se acalmar e parar com seu choro.
A noite não estava fria e o som da festa não era mais possível de ser ouvido – estava muito afastada daquele local. Mas Ana sentiu um frio lhe percorrer a espinha. Vendo uma enorme árvore solitária no pasto ela foi até lá e começou a subir nela. Sem um motivo aparente, apenas sentiu que deveria fazer para se sentir mais segura. Ao começar a subir seu wrap sling desamarrou-se. Num rápido reflexo ela impediu que sua filha caísse.
No instante em que olhou para baixo para segurar a criança viu no pé da árvore uma aterradora visão. Uma espécie de lobo negro a encarava. O tamanho do animal era absurdo e dos enormes dentes salientes da boca daquele ser escorria uma baba pegajosa. Sem pensar puxou sua filha para poder subir ainda mais alto naquela árvore.
A fera abocanhou uma parte do wrap sling, mas não conseguiu puxá-la, apenas rasgou um pedaço do pano. Ana não pensava em mais nada além de salvar-se e a sua filha. Ao chegar ao topo da árvore acreditou ter conseguido.
Mas ao olhar novamente para fera viu-a se agarrando com suas garras na madeira da árvore e começar a subir. Acreditou que aquele era o momento em que morreria – e levaria consigo sua filha. Em seu coração queria que Mauro também estivesse lá, não por amor, mas para que o infiel marido também sofresse com a morte.
Um uivo percorreu pelo pasto, fazendo a enorme fera desistir de suas duas presas e evadir-se dali. Ana permaneceu mais três horas ali em cima, esperando para ver se a fera não voltaria. Se sentindo confiante ela desceu e correu para sua casa. Chegando chamou por seu marido e ele não estava. Então trancou todas as portas e janelas e adormeceu em sua cama ao lado da filha.
Ao acordar, estranhamente, lá estava seu marido dormindo ao seu lado. Ana o acordou desesperadamente, queria contar o que acontecera na noite de sexta. Mauro acordou – sonolento e confuso – e perguntou o que aconteceu para ela acordá-lo daquele modo.
Ana se calou, uma lágrima escorreu do canto de seus olhos. Preso aos dentes de Mauro um pequeno pedaço de pano e fiapos de pano que claramente pertenciam ao wrap sling que ela usava na noite dos acontecimentos.
Então? O frio percorreu sua espinha?Cuidado com que você acaba se casando caro cliente, você pode não ter a mesma sorte e acabar sendo cruelmente devorado... Fiquem a vontade de voltar para nosso restaurante e experimentar outros pratos... atenciosamente, seu garçom
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